Pedro Mendes Ribeiro, poeta, jornalista e escritor, em sua magnífica obra “Nos Caminhos do Repente” mostra as novas gerações a beleza das três categorias do repente:
Repente
O repente é o verso feito de improviso, isto é, criado instantaneamente na agilidade mental do repentista e oferecido ao consumo dos presentes.
O termo também é conhecido por improviso que, em suma é, a arte de falar elaborando ideias sim a necessidade de transcrevê-las no papel para uso imediato.
Cantar repente é fazer poesia oral para deleite das plateias, embora observando uma métrica tão rigorosa quanto os versos caminianos.
Aboiador
O aboiador é o repentista que utiliza a temática dos assuntos do campo no manejo do gado. O aboiador lembra a figura do vaqueiro. Seu estilo de improviso é a quadra ou aextilla seguidos do “aboiao”.
Embolador ou cantador de coco
O que caracteriza o Embolador é o mair poder de agilidade mental, ou seja, maior rapidez na arte de versejar.
O embolador utiliza geralmente a quadra como último verso terminando em “a” ou “ar”. Dificilmente usa sextilha.
O embolador tem uma repertorio mais variado e pode utilizar outros estilos se cantoria, mas em menor escala.
O estilo mais clássico da embolada é o Dez de carreirão, que quivale ao martelo agalopado.
Violeiro
O violeiro é o representante máximo do repente. Com invulgar poder criativo, os menestréis do passado ampliaram consideravelmente o acervo do repente com a criação de novos estilos.
Por outro lado, deu uma nova dimensão a temática inclinado-a no sentido do social para chamar a atenção dos governantes para os desníveis sociais e sobretudo para as distorções formadoras de privilégios e bolsões de miseráveis.
Estudioso da realidade brasileira, o violeiro assumiu, corajosamente, o papel de liderança na formação da consciência critica ao defender a reforma agrária e combates as injustiças sociais e á matança de crianças.
A arte assumiu o lugar da critica. A louvação foi substituída pelo “acuso” e ambos se uniram para despertar a consciência nacional para os graves problemas que envolveram a sociedade,
O violeiro comprendeu que era necessário competir com as tecnologias e saiu do campo para a cidade para não deixar morrer a mais bel arte de fazer verso.
Nessa virada extraordinária era imprescindível ampliar o universo do conhecimento, conhecer a historia, a geografia, as ciências e disputar os bancos universitários para garantir uma formação capaz de substituir o violeiro de outrora, cantando a natureza pelo repentista comprometido com a realidade social.
Gravar LP, escrever livros, ocupar os microfones do rádio e as câmeras de TV e a luta que o violeiro enfrenta para preservar uma cultura que está encantando o mundo inteiro.
O que é que me falta fazer mais
Derivado da décima, “O que é que me falta fazer mais”, é um mote decassílabo, que se transformo em gênero pela extraordinária aceitação popular. Rico em conhecimento e doce em musicalidade tende a permanecer, por muito tempo, na primeira linha da preferência dos amantes de cantoria.
Comandei a esquadra do Cabral,
E me tornei o grande rei da China;
Fui dirigir a guerra da Malvina,
Assumi o trono de Portugal;
Dominei um gigante vendaval,
Passei nos espaços siderais:
Expulsei do inferno a Satanás,
Construí as pirâmides de Egito;
Eu sou o autor do grande infinito,
O que é que me falta fazer mais.
Derrotei o grande Napoleão,
E derrubei o muro de Berlim;
Deportei o famoso Roximim,
Mandei parar um grande furacão;
E batalhei ao lado de Roldão,
Pra vencer o famoso Ferrabrás;
Descobri a beleza dos cristais,
Ajudei na construção de Roma;
Dei ordem para destruir Sodoma,
O que é que me falta fazer mais.
Do livro “Nos Caminhos do Repente” de Pedro Ribeiro