A voz revolucionária de Vladímir Maiakóvski traduzida por um paraibano

Cultura

UMA NUVEM QUE USA CALÇAS
 A voz revolucionária de Vladímir Maiakóvski em tradução contemporânea

JC PETERMANN – Uma nuvem que usa calças, poema emblemático de Vladímir Maiakóvski (1893–1930), destaca-se como uma das obras-primas do futurismo russo e um marco da poesia revolucionária do século XX.

Astier Basílio                                                                                                            Vladímir Maiakóvski  

A mais recente tradução para o português, realizada pelo poeta e tradutor Astier Basílio, reaviva a potência desse texto, rompendo com o passado e estabelecendo uma conexão forte e direta com o leitor brasileiro contemporâneo.

Contexto histórico e polêmicas iniciais

Escrito em 1915, o poema original Облако в штанах (Oblako v shtanakh), inicialmente intitulado O décimo terceiro apóstolo, foi alvo da censura imperial russa. Considerado blasfemo, o título foi proibido, e várias páginas foram suprimidas por conterem temas sensíveis para a época.

Maiakóvski enfrentava um regime opressor que não aceitava a irreverência de seu lirismo explosivo, capaz de misturar rudeza e delicadeza num mesmo verso.

Como resposta às críticas do censor, recitou o prólogo do poema que afirma: “Se quiserem – serei furioso até o osso – e, como o céu, que novas cores realça / se quiserem – serei perfeitamente afetuoso, / não um homem, mas uma nuvem de calças!”, um verso que nomeia a obra e sintetiza a complexidade do poeta, etéreo e, ao mesmo tempo, firmado no mundo.

Após encontros fundamentais com Ossip e Lilia Brik em 1915, que acreditaram na força da obra e contribuíram para sua publicação, Uma nuvem que usa calças foi finalmente publicado na íntegra em 1918, no agitado contexto da revolução russa.

Seu subtítulo “Tetráptico” remete ao formato tradicional dos ícones ortodoxos, ironicamente, ao mesmo tempo em que destrói as antigas estruturas artísticas e sociais.

Estrutura e significado simbólico da obra

Vladímir Maiakóvski

Dividido em quatro partes precedidas por um prólogo, o texto funciona como um grito de ruptura contra os pilares da sociedade: o amor, a arte, a religião e a ordem. Maiakóvski mesmo define Uma nuvem que usa calças como “o catecismo da arte atual”, uma obra que clama pela destruição das velhas certezas para abrir caminho a uma nova ordem social e artística.

O símbolo da «nuvem que usa calças» representa a dualidade do poeta moderno, dividindo-o entre o etéreo, o sensível, o ideal, e o concreto, rude e terrestre. Este paradoxo ecoa a própria essência do futurismo: a exaltação do novo e da ruptura, mas com plena consciência dos conflitos internos e sociais.

A tradução inovadora de Astier Basílio

Astier Basílio, poeta, tradutor, jornalista e doutorando em literatura russa pelo Instituto de Literatura Maksim Gorki, residente na Rússia desde 2017, e pode ser considerado como uma das vozes autorizadas para trazer a poesia de Maiakóvski ao português contemporâneo. Sua tradução tem a capacidade de transmitir o tom incendiário, coloquial e urgente do poeta russo, mantendo o impacto e a musicalidade da obra original.

Basílio opta por uma linguagem próxima, moderna e direta, substituindo o tradicional “vós” por “vocês”, um gesto que aproxima o leitor brasileiro da voz revolucionária que deseja dialogar sem intermediários.

Sua edição bilíngue, lançada pela editora Piparote, apresenta o texto original lado a lado com a versão em português, valorizando a experiência de leitura crítica e estética.

Além do trabalho de tradução de Maiakóvski, Astier tem se destacado por suas traduções do poeta Óssip Mandelstam, editadas em formato de cordel como Sal no machado, e das traduções de Maiakóvski em A palavra de vocês é o camarada Mauser.

Mantém também uma coluna semanal no jornal A União, de João Pessoa, Paraíba, dedicada à poesia russa, e tem seus textos traduzidos em importantes revistas literárias brasileiras como ContinentePiauí e Rascunho.

Maiakóvski e sua herança poética

Maiakóvski foi um poeta revolucionário tanto na forma quanto no conteúdo. Sua escrita rompe drasticamente com as tradições métricas, utilizando versos livres, metáforas inovadoras e linguagem fragmentada para transmitir sua crítica social e existencial.

Temas como loucura, suicídio, conflito com o divino, e uma miséria interior permeiam sua obra, todas intensificadas pelo cenário caótico da Rússia pré-revolucionária.

Uma nuvem que usa calças condensou a essência da vanguarda futurista russa, influenciando não só gerações posteriores de poetas soviéticos, como também autores do mundo todo que buscam na poesia a arma para questionar as estruturas vigentes.

A importância da tradução contemporânea no Brasil

A chegada da tradução de Basílio ao público brasileiro amplia o acesso a esta obra, proporcionando um olhar novo e urgente para a obra de Maiakóvski.

Em tempos em que a poesia precisa ser cada vez mais instigante e provocadora, o trabalho de Astier fortalece o diálogo cultural entre Rússia e Brasil, permitindo que as vozes do passado ressoem com força renovada em outra língua.

Em 2024, Astier Basílio publicou pela Editora Arribaçã a obra Maiakóvski, EU + todos os poemas anteriores, tradução inédita no Brasil do primeiro livro de poemas e outros poemas anteriores à publicação do poeta russo. Os poemas foram traduzidos diretamente do russo e contém comentários e notas do tradutor, além de ilustrações feitas pelo próprio Maiakovski, em edição bilíngue, e com a reprodução fac-similar do “EU”, publicado originalmente em 1913.

 

  • Astier Basílio es poeta, traductor, periodista, dramaturgo, cordelista y ficcionista nacido en Campina Grande -PB-

  • Residencia y formación
    Vive en Rusia desde 2017. Es mestre en literatura rusa pelo Instituto Estatal Pushkin y acursó un doctorado en el Instituto de Literatura Maksim Gorki

  • Trabajo periodístico / literarios/ columna
    Mantiene una columna semanal en el jornal A União (João Pessoa), donde escribe sobre poesía rusa y temas afines. Ganhou diversos prêmios literários ao longo da carreira, incluindo o Prêmio Novos Autores Paraibanos com o livro «Funerais da Fala» e o Prêmio Nacional Correio das Artes com «Finais em extinção».  Publicou o cordel «Sal no Machado», com traduções de Óssip Mandelstam, e «A palavra de vocês é o camarada Mauser», com poemas de Maiakóvski.

 

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El primer número del 7 de agosto de 2005 (Diseño de Romina Paesani)

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