De Santiago a Santiago, a caminhada poética de Mario Méndez

 

Mario Méndez é um homem de força e de palavras, dedicou sua vida à medicina e às causas sociais. Argentino, natural de Junín de Buenos Aires, residente no México desde 1977,  Cuitláhuac Quiroga, no prologo, disse de seu livro DE SANTIAGO A SANTIAGO – poesia para a estrada. 2024 – :

 

«…Na longa tradição de peregrinação na cultura ocidental, de ir atrás de relíquias sagradas como forma de purificação espiritual de caminhos onde a natureza era um encontro e as pessoas eram um trânsito de diversidades, a geografia foi estendida aos peregrinos que nela encontraram nichos de beleza incalculável.

Esta é a razão fundamental DE SANTIAGO A SANTIAGO, pois Mario Méndez, caminhante, percorre a Sierra Madre Oriental no nordeste do México: uma fronteira de alta montanha que é calcária entre pinhais, um muro de pedra que separa a chamada Tierra Adentro do planalto – que durante séculos contribuiu para uma certa insularidade no carácter do seu povo -: fábrica de água, casa de fauna e flora endémica, este é o percurso que o poeta traça, este é o trânsito que regista das palavras…

Ao caminhar, o homem, como o poeta, submete-se à surpresa do novo, do desconhecido; explorar é fundar o destino do que resta, e nessa caminhada De Santiago a Santiago escreverá ao destino do seu leitor.

 

De Santiago a Santiago

 

Há um caminho na minha terra

do homem que anda a pé,

antigos caminhos reais

pela Sierra Madre Oriental.

 

Montanhas, ravinas e rios,

caminhos que o caminhante percorre,

e entre arbustos e florestas

acelera até chegar às aldeias.

 

Pessoas simples nos povoados

abre suas portas ao estranho,

com café e pão na mesa,

Eles contam suas experiências na vida.

 

A estrada tem dois Santiagos

e em ambos eles esperam por você,

em uma extremidade a cidade mágica

e na outra a Catedral de Saltillo.

 

Aldeia e caminho

 

Para essas cidades

aninhado nas montanhas

trânsita o caminho

indo ou voltando.

 

O aldeão conhece a terra

em que vive e lhe pertence,

acariciada pelos seus ancestraise

guardado em seu coração.

 

Conheçe cada tijolo,adobe e telhado,

viu e ouviu o rio passar

que banha as parcelas.

 

Eu venho de longe

e vou descobrir a alma

de cada cidade

diferente a minha.

 

Vou visitar as aldeias

e o homem do campo

vai abrir a porta

para entrar em seu lar.

 

Nós somos o reverso do reverso

da mesma folha

e juntos escreveremos esta história.