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Entre a cruz e a espada
Por Luciano Siqueira
A expressão cai muito bem na grande mídia monopolizada brasileira, na perspectiva das eleições presidenciais do outubro.
Não só porque, sistematicamente agredida e chacoalhada pelo atual presidente da República, mas sobretudo por se mostrar incompetente para viabilizar plenamente os interesses das elites dominantes, a grande mídia majoritariamente se opõe a Bolsonaro.
Mas também não simpatiza com alternativa Lula.
Tudo faz para insuflar uma candidatura da chamada terceira via — nem Bolsonaro, nem Lula.
Mas esbarra justamente na fragilidade da hipótese.
E na medida em que se vê constrangida a escolher para quem torcer, tenta de muitos modos influenciar o projeto Lula.
Disputa abertamente a agenda econômica do possível futuro governo. Proteger o rentismo é questão de honra. O grande agronegócio, idem.
E até a orientação tática da campanha passa a ser tratada diligentemente pelos principais articulistas dos jornalões e comentaristas das redes de TV.
Não pode opor a Geraldo Alckmin como vice de Lula. Mas tenta por aí uma brecha para meter o bedelho onde não está sendo chamada.
Essa contradição em si não é ruim. Pior seria se a poderosa Rede Globo e congêneres estivessem atacando duramente Lula e o conjunto das forças que tendem a apoiá-lo (o que não está fora de pauta, se um terceiro candidato crescer).
Mas da parte de cá — da ampla coalizão que vai se formando pró-Lula – cabe evitar conflito com os conglomerados midiáticos e tornar claras e explícitas posições fundamentais de uma agenda de reconstrução nacional absolutamente necessária para galvanizar o interesse e o entusiasmo da maioria do eleitorado.
Veja: O nó da terceira via
https://bit.ly/35Q9UAn