Mobilização popular
Núcleos de base pela convergência democrática
Luciano Siqueira
Definitivamente não é fácil entender o Brasil — especialmente o jogo de forças partidárias tendo em vista as eleições gerais de outubro.
Compreensão difícil por parte de um europeu, por exemplo, habituado à estratificação da representação política, onde reside um mínimo de previsibilidade.
Em nosso país tropical abençoado por Deus, territorialmente imenso e marcado por uma multicolorida diversificação regional, historicamente tem sido muito difícil a existência de partidos nacionalmente unos, programáticos e coerentes em seu desempenho.
Rigorosamente, a exceção tem sido o centenário Partido Comunista.
De tal modo que não há correspondência exata entre alianças nacionais em função da disputa pela presidência da República e as frentes partidárias constituídas nos estados.
O que está em disputa agora na eleição presidencial é o confronto entre a prevalência do neofascismo versus a possibilidade da reconstrução nacional.
Mas em cada estado a dinâmica é determinada pelo controle do poder local. A parte não se submete ao todo.
E há grandes legendas que tendem a liberar, formal ou tacitamente, seus parlamentares em cada estado para se comporem do modo que lhes seja eleitoralmente mais conveniente.
Desejam formar grandes bancadas na Câmara, de maior poder de fogo em negociatas pelas condições de governabilidade, independentemente de quem seja o presidente da República.
Esse é o terreno minado no qual se movimenta Lula no intuito de completar a composição da ampla frente democrática e progressista em torno de sua candidatura.
E é emblemático que essa tarefa ainda encontre muitas dificuldades nos três principais colégios eleitorais do país, São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro.
Talvez seja possível reduzir o impacto dessa incoerência construindo rapidamente, aos milhões, núcleos de base em torno da candidatura de Lula e do ideário da reconstrução nacional.
Em contraposição tanto à rede miliciana digital que promove a capilaridade da extrema direita, como em favor de uma convergência democrática a mais ampla possível.
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