NÃO GOVERNA, GOLPEIA
Luciano Siqueira, portal Vermelho
Luciano Siqueira
Parece até escusado insistir no que a cada instante é mais evidente: a absoluta predileção do presidente da República pela geração de atritos institucionais em detrimento de suas responsabilidades de governante.
Mas é preciso denunciar continuadamente isto.
Para que o golpismo não passe, absurdamente, a fazer parte da paisagem.
Não pode ser visto com naturalidade, algo compatível com a ordem constitucional. Sob pena de permitirmos a reedição da ditadura.
A expressão disso a essa altura é nítida: a cada dia mais evidente a tendência a ver frustrada sua intenção de se reeleger, procura por todos os meios negar a lisura do pleito a acontecer em outubro.
Fosse um torneio de futebol de várzea, estaria claro para todos os contendores: ele quer «melar» a competição porque sabe que vai perder e não aceita voltar para casa derrotado.
A jogada do momento é provocar um processo, por suposto abuso de poder, contra o ministro do STF Alexandre Moraes — justamente o próximo presidente do TSE que presidirá o pleito.
A denúncia não foi aceita pelo STF e Bolsonaro tenta agora o processo através da Procuradoria Geral da República.
Manobra que lhe possibilite adiante arguir a suspeição de Alexandre Moraes à testa do Tribunal Superior Eleitoral. E, por extensão, reforçar a «evidência» de que o resultado das urnas não deva ser validado.
E basta uma olhada rápida sobre a agenda do presidente para constatar essa obviedade: ele pouco governa, golpeia.
Tentativa mal engendrada de repetir aqui o que tentou o derrotado ex-presidente Donald Trump nos EUA.
O que recomenda às oposições combinarem uma dupla articulação: a busca das alianças partidárias e sociais que lhes reforcem; e a ampla convergência na resistência ao golpe.
É possível? Tem que ser.
Principalmente da parte da larga coligação que se forma em torno da candidatura de Lula, segundo as pesquisas com maior chance de sucesso.
Infelizmente é isso: no início da terceira década do século 21, no Brasil será preciso “ganhar — e levar”.
Com muita luta.
.
Veja: Bolsonaro age como derrotado https://bit.ly/3wzziDL