Quarto no bairro de Barracas

César Vallejo morreu.

E Modigliani está morto.

E Mario e Che e Don Emilio

Lumumba e seu novo sorriso

Gérad Phillipe e seu olhar azul.

Acima de quatro jasmins de novembro

E quatro paredes tristes como fumaça

Eles ainda vivem comigo

Lucina Álvarez

Professora, colaborou com as revistas: “Momento”, “Bs. As. Tango”, “El Juguete Rabioso”, “El Barrilete” e participou na antologia poética: “Los que seguir” (Edc. Noé, 1972). Foi sequestrada pela ditadura argentina em 7 de maio de 1976. Ela continua desaparecida.

POEMA

Vem, abandona esta madrugada,

Teus buracos e a soledade

onde o egoísmo encalhou

e foi devorando-te  imperdoavelmente.

Você verá então que era somente mística

tua cegueira

que eram sombras na alma

e que é possível chegar  juntos à alvorada.

para que sejamos o dia.

Alicia Burdisso

Estudante de jornalismo, filosofia e literatura, foi sequestrada em Tucumán em 21 de junho de 1977. Continua desaparecida.

Poema sem título

Faz meses que estou aguardando por eles

à sombra de uma pedra.

Fixos os olhos no horizonte,

Alerta no ouvido,

corpo tenso, espada pronta.

E eles não chegam,

¿Em que lugar deste mar

de areia e sol

eles foram perdidos?

Onde eles estão?

¿Onde estão meus moinhos de vento?

Colibri

Treme diante dos olhos

a aquarela fugaz;

é uma ilusão de riso

entre as plantas.

Alcira Fidalgo

Quando ela tinha 28 anos, foi sequestrada por Alfredo Astiz e sua força-tarefa em 4 de dezembro de 1977. Ela continua desaparecida