Manhãzinha, bem cedinho pega o metrô na estação cajueiro seco e dá de cara com os rostos das cidadàs e cidadãos no interior do vagão, a face triste dos usuários do metrô exibe o constrangimento de ter que adentrar um transporte superlotado e o desconfortável empurra empurra entre as pessoas ávidas para chegar na hora exata aos locais de trabalho.

Valmir Jordão

Face consternada por não poder pagar as contas em dia devido ao atraso do recebimento do salário em mais de uma semana e ainda assistir ao teatro tétrico dos camelôs no meio desse aperto vendendo água, doces, pipoca, amendoim, acessórios para celular, comestíveis próximos a data de validade, galinha, peixes e o escambau.

Nas composições, os descuidistas aproveitam a ocasião para bater carteiras e objetos de valor.
A face desgostosa, vinda de um subúrbio precário, sem calçamento, saneamento e a mínima infraestrutura urbana-

A face lúgubre ao sair de casa deparar com os cadáveres expostos, estendidos nas poças d’água das vielas e becos das cercanias-
Tétrica é a aglomeração diante dos defuntos prostrados em decúbito dorsal
comovente é o olhar mirando o infinito, vazio no meio da multidão.
O metrô segue bem devagar, pois nesta madrugada roubaram a fiação elétrica da rede viária
a face penalizada pelo descaso da administração da companhia dos trens.

Estação prazeres, guararapes, porta larga, aeroporto, tancredo neves, shopping, antonio falcão, imbiribeira, afogados, joana bezerra e estação central-
Face dolorosa com tantas agruras nessa odisseia para chegar ao destino.
Lamentável é a situação do trabalhador brasileiro quando precisa chegar na hora certa ao local de trabalho.sim, como é triste a face dos usuários do metrô em minha cidade desgostosa e infeliz em ter todos os seus direitos suprimidos pela calculada incompetência e inoperância dos mandatários dessa capitania hereditária-

Valmir Jordão